Informação Adicional:
Brandt C, Hott E, et al. Annals of Surgery, 248(5):695-700, Novembro 2008
Trata-se de um estudo retrospectivo de coortes baseado nos dados de rotina da vigilância epidemiológica.
Resumo:
Foi estudado um total de noventa e nove mil duzentas e trinta (99.230) cirurgias com a informação obtida a partir dos 63 serviços de cirurgia participantes no sistema nacional alemão de vigilância da infecção cirúrgica.
Foi adoptado o protocolo americano do CDC: NNISS (National Nosocomial Infection Surveillance System). Os serviços de cirurgia foram agrupados de acordo com o tipo de ventilação utilizada no bloco operatório: ventilação com turbulência e filtros de ar de alta eficiência ou fluxo laminar vertical com filtros HEPA.
Foram efectuadas análises multivariadas pelo método de equações de estimativas generalizadas a fim de controlar o confundimento devido às seguintes variáveis relativas ao doente: classe de contaminação da ferida, índice ASA, duração da cirurgia, idade e género, cirurgia endoscópica e as variáveis hospitalares como número de camas hospitalares, frequência de cirurgias e tempo de participação no programa de vigilância KISS. Quando compararam as taxas de infecção do local cirúrgico nos dois grupos, os autores verificaram que houve mais infecções nas próteses da anca e do joelho, apendicectomia, colecistectomia e herniorrafia feitas em blocos com fluxo laminar (a excepção foi a cirurgia do cólon). Os autores concluíram que o fluxo laminar não traz qualquer benefício e estava até associado a um risco significativo de infecção.
Comentário: Apesar de não se tratar de um estudo aleatório controlado que dá a evidência científica máxima, o número de cirurgias estudado foi grande o que confere um valor estatístico significativo. Estes resultados são importantes porque, nalguns países como a Alemanha, as normas nacionais exigem a colocação deste tipo de ventilação nos blocos operatórios. Os médicos e engenheiros hospitalares também estão convencidos de que esta deve ser uma exigência. Estes resultados fazem pensar que, se calhar, seria mais proveitoso, em vez de dar prioridade a esta infra-estrutura, investir na formação e especialização dos profissionais do bloco operatório. Comentado por: Elaine Pina